Logotipo simoes_pires
Foto Argentina e EUA: caminhos aparentemente opostos, mas com muito em comum
Header Grafismo

Publicações

Argentina e EUA: caminhos aparentemente opostos, mas com muito em comum

18/03/2025 - Artigo

Foto Argentina e EUA: caminhos aparentemente opostos, mas com muito em comum

Gazeta do Povo | João Casalatina – São Paulo | 14/03/2025

Argentina e EUA passam por um processo de reestilização de seus governos para governos declaradamente de direita. O que chama a atenção, porém, são os caminhos aparentemente opostos da Argentina e dos EUA, mas que, no fim do dia, possuem muito mais em comum do que os olhos podem ver. A política protecionista de Trump, sem novidades, vem destilando ameaças a taxações das importações de alguns países específicos como a China, mas sem descartar uma alíquota geral de imposto de importação independente da origem.

Esse movimento possui um aspecto bastante interessante pela origem numa ideologia totalmente oposta àquela adotada por Trump, visto que, enquanto governos de direita e extrema direita focam na abertura de mercado, são os governos de esquerda que focam no protecionismo de suas indústrias locais. E Trump desafia por meio de suas ações, o que a potência econômica dos EUA permite, adotar inclusive um protecionismo industrial sem renunciar à abertura de mercado global, visto a enorme dependência que a maioria dos países possuem dos EUA. Melhor para todos que a realidade não é exatamente assim.

Enquanto Trump lanças seus dardos taxativos contra os países, a política global se movimenta para escapar desse isolamento, num movimento claro de aceleração dos acordos comerciais bilaterais. Exemplo disso é uma evolução histórica – ainda que não final e decisiva – do acordo da União Europeia com o Mercosul.

Não menos importante, temos o cenário da Asean (sigla em inglês para Associação das Nações do Sudeste Asiático), que foi recentemente ampliada com a junção da China, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Austrália, formando a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP), que soma um território com 2,3 bilhões de pessoas e 30% do PIB mundial. A UE, assim como países asiáticos, o Mercosul e os países africanos seguem avançando nas negociações de acordos com outros países, contudo, com um incentivo adicional neste momento.

Mas, e a Argentina? A Argentina estuda sair do Mercosul, caso essa seja uma condição para um acordo bilateral com os EUA. Ou seja, enquanto grande parte do mundo analisa oportunidades ao redor do globo, nossos parceiros de bloco econômico fazem um caminho oposto, trazendo o Brasil (maior país do Mercosul em aspectos geográficos, populacionais e econômicos) como vilão para o sucesso da nova política monetária da Argentina.

Pois, havendo de fato um vilão econômico, que contrarie a ideologia de Milei (tão claramente expressada em seus discursos em Davos, por exemplo), resta-nos somente refletir sobre a coerência da pretendida reforma tributária proposta na Argentina, a qual se vende como um redutor de 90% da carga tributária, mas que na realidade apenas remove da máquina federal a responsabilidade pela arrecadação e distribuição, repassando a tarefa para as províncias, a partir de suas novas autonomias taxativas, sem a garantia de que estas, por sua vez, não terão obrigações de repasse de seus recolhimentos para o âmbito federal.

Por certo o efeito da aceleração pelos acordos globais, assim como as declarações polêmicas do governo argentino, confirmam a relevância da economia americana no cenário global, ao mesmo tempo em que desvenda os olhos do mundo para outras oportunidades de parcerias. Quando o dono da bola vai embora, o futebol no “campinho” só acaba se ninguém mais tiver bola para jogar. Para quem assiste, é melhor só ficar atento se os processos de certificado de origem estão em dia.

 

João Casalatina, formado em Administração com MBA em gerenciamento de projetos pela FGV, é líder de Global Trade no escritório Simões Pires e coordena o CECAM, Centro de Excelência em Cadastro de Mercadorias, que se dedica a atividades de classificação fiscal, cadastro de materiais e periféricos.

Veja também: A Reforma Tributária argentina e seus impactos no Brasil

VOLTAR

Publicações relacionadas

VER TODAS
Foto Chamadas abertas FINEP – BNDES
Grafismo Header Home

Chamadas abertas FINEP – BNDES

01/01/1970 - Artigo

Foto Trump impõe protecionismo e redesenha bases do comércio global
Grafismo Header Home

Trump impõe protecionismo e redesenha bases do comércio global

01/01/1970 - Na mídia

Foto Especial: estimativas superestimadas e paralisação colocam CARF na mira para reestruturação
Grafismo Header Home

Especial: estimativas superestimadas e paralisação colocam CARF na mira para reestruturação

01/01/1970 - Na mídia