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Por Felipe Pozebon | Líder de Inovação e Fomento e Elisa Cencin | Coordenadora de Inovação e Fomento no Simões Pires.
A taxa Selic a 13,35% ao ano, com projeções indicando que pode ultrapassar 15% em 2025, representa um desafio significativo para empresas nacionais e multinacionais que planejam novos investimentos no Brasil. Esse cenário reflete uma tendência global, em que o combate à inflação tem pressionado políticas monetárias e impactado diretamente a dinâmica econômica em diversas regiões.
O custo do crédito elevado, a desaceleração do consumo e a migração de investimentos para renda fixa são alguns dos fatores que moldam o ambiente econômico atual. Para empresas que dependem de financiamento para projetos de expansão ou inovação, os juros elevados aumentam substancialmente o custo do capital, restringindo iniciativas estratégicas de longo prazo — especialmente em setores como tecnologia, infraestrutura e desenvolvimento sustentável.
Diante desse contexto, empresas inovadoras devem buscar alternativas estratégicas, como linhas de fomento, para manter a competitividade e viabilizar projetos que impulsionem o crescimento mesmo em um cenário de restrição financeira.
Contudo, no Brasil, políticas públicas bem estruturadas, como as oferecidas pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), têm se consolidado como ferramentas estratégicas em cenários adversos. Essas instituições disponibilizam linhas de crédito com condições muito mais competitivas, focadas em áreas essenciais como Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais, Complexo econômico industrial da saúde, Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis, Transformação digital da indústria, Bioeconomia, descarbonização e segurança energética e Tecnologias para soberania e defesa nacionais.
Um dos principais atrativos das linhas de financiamento da Finep é o custo significativamente mais competitivo em relação ao mercado. Com taxas anuais a partir de TR + 2%, carência de até 48 meses e prazos de amortização que chegam a 240 meses, essas condições oferecem às empresas a oportunidade de tirar do papel projetos de inovação que, em outras circunstâncias, poderiam ser inviáveis financeiramente. Além das condições vantajosas de taxa e prazo, a Finep utiliza a Taxa Referencial (TR) como indexador principal, proporcionando estabilidade e previsibilidade financeira. Essa característica é fundamental para empresas que buscam segurança em seus planejamentos de longo prazo, especialmente em um ambiente econômico marcado pela volatilidade da Selic.
Os resultados dessas políticas públicas são notáveis. Em 2024, o Brasil registrou um aumento expressivo nos recursos destinados ao fomento à inovação empresarial pela Finep. Foram aproximadamente R$ 11,2 bilhões alocados, frente a R$ 6,1 bilhões em 2023, representando um crescimento de 83%. No programa Nova Indústria Brasil (NIB), os investimentos também se destacaram, somando R$ 21,7 bilhões no biênio 2023-2024 — R$ 6,7 bilhões em 2023 e R$ 14,9 bilhões em 2024 — abrangendo crédito direto e descentralizado, subvenções econômicas e não reembolsável à Instituições Científicas e de Inovação Tecnológica- ICTs.
Fonte: Relatório anual da FINEP disponíveis em: http://www.finep.gov.br/transparencia-finep/paineis-e-downloads/central-de-downloads
Esses números reforçam o papel estratégico das políticas públicas no suporte à inovação, especialmente em um contexto de juros altos. Para empresas de todos os portes, aproveitar essas alternativas de fomento é uma oportunidade única para alavancar competitividade, crescer de forma sustentável e transformar desafios econômicos em avanços concretos.
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